Aras alega que ataques de Bolsonaro à urna eletrônica são 'retórica política'
O procurador-geral foi questionado se este problema já não havia sido resolvido entre os Poderes
Foto: FOTO: Roberto Jayme/TSE
Na sexta-feira (4), o procurador-geral da República e chefe do MPF, Augusto Aras, foi questionado sobre os ataques que Jair Bolsonaro (PL) tem feito às urnas eletrônicas, nas últimas semanas, e colocou na conta da "retórica política" do presidente da República. Aras foi inquirido se o assunto já não estava completamente resolvido entre os Poderes e se antevia a judicialização do processo eleitoral como se passou nos Estados Unidos.
“O assunto faz parte da retórica política. Enquanto não houver prova de ineficiência ou de eventualmente fraude no sistema eletrônico, que não há, por enquanto, pelo menos até aqui, nós temos que respeitar esse importante instrumento da coleta dos votos ali depositados. O Brasil já tem uma larga experiência disso tudo, e evidente que nós não podemos restringir a retórica política de quem quer que seja", disse o procurador-geral, durante entrevista à Radio Bandeirantes.
Aras, sem citar nomes, relatou que existem promotores, técnicos, juízes, políticos e advogados que se manifestam eventualmente contra o voto na urna eletrônica, mas que ela é necessária em caso de dúvida acerca da idoneidade daquela votação e pode ser utilizada para fazer uma recontagem.
Ele ainda citou o momento que o presidente vazou informações de um inquérito sigiloso sobre um hacker ao TSE: “Mas essa é uma questão que, do ponto de vista do político e das candidaturas, será sempre recorrente. Mas nós temos as garantias do sistema eleitora e especialmente das urnas. O ministro [Luís Roberto Barroso presidente do TSE], no particular, abriu o código-fonte. O Ministério Público Eleitoral participa dessa verificação, assim como os partidos políticos e cidadãos com idoneidade técnica que se apresentem, e até agora nós não podemos nos queixar das urnas. Pelo contrário, as urnas deram cabo de velhas formas de fraude”, comentou.
O chefe do MPF aproveitou o momento para dizer que está buscando o aprimoramento das urnas eletrônicas através da tecnologia, e convidou os cidadãos a se portarem como "fiscais da cidadania".
“Então vamos todos fiscalizar e vamos buscar no Judiciário e no Ministério Público soluções que porventura sejam necessárias para coibir abusos, fraudes, excessos, sempre presentes de alguma forma em qualquer pleito eleitoral”, finalizou.